Dia Nacional do Design: passado, presente e futuro da profissão
Em 19 de outubro de 1998, o então Presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, assinou o decreto instituindo o “Dia Nacional do Design”, que passou a ser comemorado anualmente no dia 5 de novembro. A data é uma referência ao aniversário de nascimento de um dos pioneiros do design moderno no Brasil, Aloísio Magalhães, falecido em 1982. A homenagem é mais do que justa, se considerarmos o legado deixado pelo designer pernambucano.
Formado em Direito, Magalhães estudou museologia, artes visuais e processos de impressão. Foi autor de algumas das marcas brasileiras mais emblemáticas de todos os tempos, como Petrobrás, Banco Central, Itaipu Binacional, Bienal de São Paulo, Light, entre tantas outras. Além disso, a sua atuação ultrapassou as fronteiras do design: foi diretor do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e secretário do Ministério da Educação e Cultura.
Embora, ainda hoje, o trabalho de Aloísio Magalhães inspire designers por todo o Brasil, os desafios atuais da profissão são bem diferentes daqueles encontrados nas décadas de 1960 e 1970, quando o designer produziu seus trabalhos mais conhecidos. Mas, afinal de contas, quais são os desafios do designer atualmente? Esta é uma pergunta difícil de responder e com múltiplas respostas possíveis. Vejamos quatro pontos que talvez mereçam a nossa atenção:
Inteligência Artificial e novas ferramentas tecnológicas: a atualização tecnológica não é exatamente novidade para o designer. Desde a introdução dos computadores pessoais nas agências e escritórios nos anos 1980 e 1990; a ascensão da internet nos anos 2000; o domínio dos softwares da Adobe nos anos 2010; até chegarmos à geração de textos e imagens via IA nos anos 2020. Se lutar contra o avanço da tecnologia parece inglório, é mandatória a atualização constante frente às ferramentas que estão mudando radicalmente a forma como o design é feito.
Transformações sociais, ecológicas e econômicas: o Relatório de Tendências 2024 do iF Design lança um olhar sobre o nosso mundo globalizado e hiper conectado, que está nos levando a uma era de transformações profundas, crises e inovações como nunca antes visto. Isso inclui mudanças no mercado de trabalho com a introdução da inteligência artificial e da automação, bem como a avassaladora precarização do trabalho criativo, conforme descrito brilhantemente no livro “Emprecariado — Todo mundo é empreendedor. Ninguém está a salvo”, de Silvio Lorusso, publicado no Brasil pelo Clube do Livro do Design. Soma-se a isso os desafios impostos pelas mudanças climáticas; além dos novos paradigmas econômicos internacionais, com a crescente importância de atores como China, Índia e Brasil. Todos esses fatores devem impactar de forma dramática a produção de design no mundo.
Diversidade social, cultural, inclusão e acessibilidade: o mesmo Relatório de Tendências 2024 do iF Design aponta o caminho:
“Da polarização à construção de novas pontes. Em uma sociedade cada vez mais fragmentada e polarizada, o desafio central para o futuro é fortalecer a união. O princípio do ‘co-’ está se tornando uma estratégia para o futuro, abrindo caminho para uma cultura progressiva do ‘nós.’”
Considerar questões sociais, de inclusão de minorias, diversidade cultural e acessibilidade é simplesmente obrigatório para o design atual e futuro.
Originalidade e inovação: com a crescente concorrência e a abundância de referências visuais disponíveis em um instante na palma da mão, um dos grandes desafios atuais dos designers é manter a originalidade e proporcionar soluções realmente inovadoras. Além disso, também deve conciliar a criatividade com todas as questões levantadas nos tópicos anteriores. Não é tarefa fácil e certamente representa um grande desafio para todos nós, designers.
Cabe lembrar que estes são apenas alguns dos pontos que podem ser levantados sobre um tema tão complexo. Longe de querer esgotar o assunto neste humilde ensaio, buscamos aqui proporcionar um breve encontro entre o passado, presente e futuro da profissão. Para finalizar, gostaria de deixar um viva para todos os/as designers do Brasil neste Dia Nacional do Design. VIVA! :-)